04/06/2013
A Guerra de Princesa

Na minha querida Paraíba houve uma cidade que ousou proclamar independência do seu território, por Decreto Municipal, com direito à bandeira, brasão, hino, jornal próprio, ministros, leis próprias e até exército. Tudo aconteceu em 28 de fevereiro de 1930 e terminou em 11 de agosto do mesmo ano. A História esclarece que, os coronéis aquartelados ou, naturais da cidade de Princesa Isabel, liderados pelo destemido José Pereira, insatisfeitos com a administração do então Presidente João Pessoa, resolveram proclamar a independência da maior parte da Microrregião da Serra do Teixeira, no alto sertão nordestino. A partir de então, o Território de Princesa passou a ser subordinado, diretamente ao Governo Federal.

A imprensa brasileira e a famosa revista norte-americana TIME abriram generosos espaços para o Território Livre de Princesa, pela importância dos fatos e destemidos coronéis. E Zé Pereira sempre dizia à família: "não fiz revolução, apenas uma mal criação".

Claro que a independência de Princesa teve seu fim em 11 de agosto de 1930, após o assassinato do Presidente da Paraíba, João Pessoa, e com a resistência do Presidente da República de então, Washington Luiz, autorizando as tropas federais, numa desigual invasão no Território Livre de Princesa este, passando eternamente à História do Brasil.
Semana passada, a mesma cidade de Princesa Isabel, hoje com cerca de vinte mil habitantes e, dois mil e duzentos quilômetros quadrados experimentou nova guerra, desta feita envolvendo bandidos especialistas em explodir caixas com dinheiro e um policiamento insuficiente e despreparado.

A população tremeu de medo, com a invasão de quinze bandidos bem armados, com informações privilegiadas, atirando nas calçadas e meio das ruas, com seguidas rajadas de armas poderosas e explodindo bananas de dinamites nas caixas eletrônicas. Chegaram ao cúmulo de incendiarem um caminhão em pleno meio da estrada para impedir vinda de reforço policial. Foi um verdadeiro "dia do cão, versão nordestina" em torno de uma nova guerra princesense, sem política e ideologia, cedendo espaço para roubos de bancos!

A incompetência da segurança pública paraibana deixa a população à mercê da sua própria sorte, sem eficiente planejamento militar, visando trabalho preventivo contra seguidas explosões de máquinas eletrônicas, abarrotadas de dinheiro e, com número insuficiente e proporcional a cada município. Também faltam coletes, armas modernas, munição suficiente, viaturas especiais e, desenvolvimento de um sistema com captações de informações criminais, para antecipação operacional de revide aos roubos.

A "Guerra de Princesa" acontece em reprise, quando os bandos criminosos, de roupagem moderna, massacram adversários sem qualquer chance de enfrentá-los nas ousadas ações criminosas. Outros Estados padecem do roubo fácil nos bancos, correios, mercadinhos, farmácias e outros, com frágeis portas fechadas, derrubadas com um sopro do vento... Seguros milionários cobrem prejuízos dos poderosos banqueiros, menos para proteger o patrimônio da população, que treme e chora pela incerteza de suas vidas.

Digo não às guerras!

 

Autor:   Desembargador aposentado Marcos Souto Maior

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