22/08/2011

NOTÍCIA

Ameaças a juízes na Paraíba podem ter saído de presídios

Quarta, 17 de Agosto de 2011 08h38
Por Lindjane Pereira, da redação do Jornal O Norte

Grupos de criminosos que atuam dentro de presídios da Paraíba podem ser os autores das ameaças de morte sofridas por dois juízes paraibanos que fazem parte de um grupo de pelo menos cem magistrados que são submetidos a um forte esquema de segurança para proteger as próprias vidas. A afirmação é do vice-presidente da Associação dos Magistrados da Paraíba (AMP), juiz Marcos Sales. “Os presídios são um grande problema porque se tornaram em que o crime mais se organiza. Sabemos que muitas ordens de crimes saem de lá”, afirma Sales.

Sem relevar nomes, o vice-presidente da AMP confirmou que dois juízes paraibanos estão na lista dos “marcados para morrer” e por isso recebem segurança especial. “O Tribunal de Justiça da Paraíba e a Secretaria de Segurança Pública designaram pessoas especiais para protegê-los”, revelou. Ainda segundo Marcos Sales, os bandidos estão dispostos a tudo para coagirem magistrados, a imprensa e a própria sociedade. “O assassinato da juíza Patrícia Aciole é mais uma prova de que eles estão dispostos a tudo. Em dez anos, três magistrados que lutavam contra o crime organizados foram brutalmente assassinados”, afirmou.

Ainda segundo Marcos Sales, uma maneira de melhorar a proteção ao redor dos juízes, diminuindo o pavor que os bandidos estão tentando causar, é a criação de meios para não identificar o juiz que condena. “Existe um Antiprojeto de Lei no Congresso Nacional que pretende formar grupos de três juizes para atuarem contra o crime organizado. Isso dificultaria ação dos criminosos”, ressaltou.

Na Paraíba, por diversas vezes crimes foram atribuídos a organizações criminosas que enviariam ordens a comparsas de dentro dos presídios do Estado. Em junho, um grupo de oito detentos que cumpriam penas nos presídios PB-01, PB-02 e Sílvio Porto, em João Pessoa, foi transferido para o Presídio Federal de Porto Velho, capital de Rondônia. Eles fariam parte de grupos criminosos que agiam na Grande João Pessoa e, de dentro dos presídios, davam ordens para os demais integrantes dos bandos. No início do mês, dois ônibus foram assaltados e em seguida incendiados na capital. As ordens para incendiar os veículos teria partido de um dos grupos de crime organizado que atuam nas cadeias do estado, que se autodenomina Al-Qaeda.

A juíza Patrícia Aciole, assassinada com mais de 21 tiros no dia 12 deste mês, no Rio de Janeiro, fazia parte de uma lista de “marcados para morrer”. Ela foi responsável pela prisão de cerca de 60 integrantes de milícias no Rio de Janeiro