15/02/2014

Cidades/ampb

Nota de esclarecimento sobre prisão de policias no Fórum de Alagoinha

A Associação dos Magistrados da Paraíba – AMPB, entidade de defesa dos direitos e interesses da magistratura paraibana, vem a público manifestar alguns esclarecimentos acerca de notícias que tratam de episódio ocorrido no Fórum da cidade de Alagoinha (PB), envolvendo a juíza daquela comarca, Inês Cristina Selbmann, e policiais que ali prestavam serviço, no último dia 11 de fevereiro:

1- Diante da acusação de uma invasão de domicílio, a juíza Inês Cristina Selbmann, no pleno exercício de sua função e tomando medidas emergenciais diante de um fato que necessitava de averiguação, solicitou aos policias, por meio de ordem verbal, que conduzissem um acusado até o Fórum da cidade de Alagoinha, no intuito de ouvi-lo sobre o caso em que estava sendo envolvido.

2- Os policiais recusaram-se a cumprir a ordem judicial, apesar desta ser legítima e legal. A juíza repetiu a ordem, tendo seu pedido negado novamente. A magistrada acionou o Sub-tenente Ivanildo da Silva Luiz, que escutou a ordem judicial por telefone e orientou o policial a cumprir a ordem verbal da magistrada, pois tratava-se apenas de uma condução e não de uma prisão. Mesmo assim, o cabo insistiu em desobedecer.

3- Após confirmar, em conversar mantida com o policial em seu gabinete, que o mesmo teria se negado a cumprir sua ordem judicial, a magistrada determinou a ordem de prisão, solicitando ao Tenente que ali acompanhava o procedimento, que o policial fosse desarmado, jamais tendo orientado que fossem utilizadas algemas. Tendo ele próprio se algemado.

4- A ordem de prisão por desacato a autoridade, direcionada a um segundo policial, também da guarnição que prestava serviço no dia do ocorrido, ocorreu em virtude do mesmo, ao acompanhar a prisão do colega, ter tratado a magistrada de maneira hostil e utilizando-se de tom de voz alterado, irônico e debochado. A magistrada também solicitou que este policial fosse apenas desarmado, após a voz de prisão, porém, o mesmo também se algemou.

5- Diante da resposta hostil dos policiais e da situação em vê-los algemados, para evitar a exposição destes, a juíza entrou em contato com o Coronel do 4º Batalhão de Guarabira, pedindo para que este fosse ao Fórum tomar as providências cabíveis. Logo em seguida, o Coronel Valério da Silva chegou para tomar conhecimento dos fatos, tendo conversado com a magistrada, retirado as algemas dos policiais e os conduzido ao Batalhão do 4º BPM.

6- A Associação dos Magistrados da Paraíba esclarece à população que, sobretudo no âmbito da Paraíba, temos uma magistratura séria, decente e pautada no principio da decência e do trabalho com êxito. Assim, são totalmente descabidas toda e qualquer acusação aos magistrados que atuam na referida Comarca. Sendo repudiante qualquer atitude que tente fazer desacreditar o trabalho da justiça paraibana junto à opinião pública, posto que a mesma vem cumprindo seu papel de maneira justa, reta e exemplar.

7- A AMPB lamenta ainda o fato da juíza não ter sido ouvida pelos portais de notícias, que publicaram apenas a versão dos policiais envolvidos no caso. É preciso atentar para que as notícias veiculadas não venham, sob o calor das discussões das partes, colocar em descrédito o Poder Judiciário perante a sociedade.

8- Esta Associação espera, também, que prevaleça o respeito ao Poder Judiciário e a seus juízes, com resguardo da justiça, da ordem democrática e da independência da magistratura e, por fim, informa que disponibilizará a magistrada a assessoria jurídica da Entidade para que sejam tomadas as medidas judiciais necessárias para assegurar o direito à honra e à independência da juíza, consagrados no Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos.

João Pessoa, 14 de fevereiro de 2014.
Juiz Horácio Ferreira de Melo Júnior
residente da AMPB.

Redação iParaiba com Ascom